quarta-feira, 21 de maio de 2014

Opinião: Andrés mostra estádio moderno e mentalidade arcaica

A fala, no último domingo (18), do ex-presidente Andrés Sanchez, responsável por monitorar as obras no Itaquerão, demonstra um pensamento provinciano que não condiz com a necessária modernização do futebol. 
— É uma discussão que eu tive com o arquiteto (Anibal Coutinho). Ele queria pôr o vidro, fomos convencidos pelo arquiteto, só que fica um tom meio verde. 
Não basta construir estádios confortáveis se a mentalidade dos dirigentes e dos torcedores não acompanhar esta evolução. Possivelmente foi uma provocação do ex-dirigente corintiano, querendo debochar de jornalista e provocar polêmica.

Mas isso só demonstra uma postura arrogante que não leva a nada. Parece que, com o novo estádio, dirigentes e até jogadores corintianos passaram a se achar acima do bem e do mal. Não considero que este seja o caminho.
Querer demonstrar superioridade com arroubos de intolerância não faz bem para o futebol. Encaixa-se em outras áreas, em disputas políticas, em jogo mesquinho pelo poder, em uma atmosfera poluída pela intriga e desconfiança. Em brigas entre torcedores organizados.
Na violência que transborda de pequenas brincadeiras disfarçadas, até mesmo entre amigos em um bar. É hora, inclusive, de se repensar "as brincadeirinhas" tidas como inocentes no mundo do futebol.
Podem rebater dizendo que o futebol é assim, ingênuo é quem pensa ao contrário. Isso não passa, no entanto, de tentativa de justificar o injustificável. Pensar só no seu, anular o outro é não fazer a sua parte para conter os ânimos exaltados no atual momento em que vivemos. Até se cogitou criar uma grama preta só para não remeter nada no estádio ao Palmeiras...
Não haveria problema nenhum em fazer a cobertura em tom de verde. Seria até um ato de grandeza. Beira a aberração este orgulho em ser radical em uma causa. Atitudes como esta, mesmo em tom jocoso, apontam para uma regressão em alguns aspectos do futebol.
Se houve uma evolução na legislação, na profissionalização, o mesmo não ocorre quando o assunto é rivalidade e postura dos dirigentes.  Alimentar este tipo de pensamento negativo não condiz com a grandeza de um clube que envolve milhões de torcedores.
Até mesmo entre gremistas e colorados, esta questão de cor não é um bom exemplo. É preciso ser modificada. O mundo, mutilado em uma cor ganha uma pobreza que não cabe em dez estádios.
Intolerância entre torcidas também é intolerância. O lado lúdico do futebol não pode servir como escudo para radicalismos cegos, para a tentativa de anular o diferente.
O momento agora exige convergência, integração, desarmamento de espíritos. Mesmo porque, o estádio do Corinthians, inicialmente era para custar cerca de R$ 820 milhões. O clube recebeu empréstimos , incentivos e o custo subiu para mais de R$1 bilhão.
Para tanto, o preço dos ingressos aumentou até cerca de 300%, mostrando que a bilheteria, ou seja, os torcedores irão pagar a conta.
Por outro lado, a dívida do clube beira os R$ 200 milhões, inclusive com o governo federal, valor muitas vezes gasto em contratações de jogadores. Pensando bem R$ 1 bilhão é o mesmo que US$ 450 milhões. R$ 200 milhões equivalem a US$ 90,3 milhões. Em dólar. De que cor é o dólar? Da mesma cor que a grama e que o teto de vidro. Mas deste verde parece que muita gente não quer abrir mão.
R7

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