terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Dependência da Administração Pública é uma das causas do atraso da Paraíba

Existe uma infindável discussão a respeito das causas do atraso econômico e social da Paraíba. Não há consenso sobre o assunto. Muito se atribui aos políticos, que não conseguem liderar um consequente projeto de desenvolvimento para o Estado, e ao modo de se praticar a política, quase sempre de enfrentamento entre grupos de interesses. Essa é certamente a teoria que mais tem adeptos. E há fundamentos para embasá-la.
Um desses fundamentos está exposto no Diagnóstico Socioeconômico do Estado da Paraíba – Unidade e diversidade territorial -, documento que acaba de ser lançado pela Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão (Seplag), comandada por Gustavo Nogueira. Vejam: na configuração produtiva da Paraíba, a Administração Pública entra com 33,40%. No Brasil, esse percentual é de 16,20%. Na região Nordeste, de 23,16%.
Vê-se, pois, que a economia paraibana é profundamente dependente do setor público. Já foi menos. Em 2000, o percentual de participação da Administração Pública na configuração produtiva do Estado era de 26,6%. Absurdo: em 10 anos, os gestores públicos e as lideranças políticas não conseguiram apontar rumos de desenvolvimento para o Estado e ainda aprofundaram a dependência em relação ao setor público.
Na prática, essa configuração tem a cara da pobreza e do atraso.
Indústria raquítica
A situação se agrava diante dos números de setores que são base sustentável do desenvolvimento de qualquer economia. Embora tenha crescido um pouco, a indústria só representa 22,33% do PIB (Produto Interno Bruto da Paraíba). Era 19,7% em 2000. No Brasil, a indústria representa 28,07% do PIB. No Nordeste, 24,36%.
Agropecuária encolhida
A agropecuária da Paraíba encolheu pela metade. Representava 8,9% do PIB em 2000 e agora tem apenas 4,24% de participação. O setor tem participação de 6,58% no PIB da região Nordeste e de 5,3% no PIB nacional.
Nem o comércio resiste
Nem o setor de comércio e serviços resiste a esse estranho modelo de composição da economia da Paraíba. Em 2000, o setor representava 42,7% do PIB estadual. Caiu para 39,83% em 2010. No Brasil, o setor de comércio e serviços representa 50,43% do PIB. No Nordeste, representa 45,91%.  
Culpa dos políticos
Por tudo, não há como não se concluir que a dependência da economia paraibana do setor público a torna vulnerável e atrasada, já que não se trata de um setor produtivo. Além disso, A administração Pública na Paraíba se mostra profundamente ineficiente, o que contribuiu ainda mais para o atraso do Estado.
Não há também como não responsabilizar os líderes e agentes políticos da Paraíba das últimas décadas pelo seu atraso e, nalguns casos, retrocesso. Lamentavelmente.
 Outros indicadores
Sobre o diagnóstico socioeconômico produzido pela Secretaria de Planejamento do Estado (Seplag), registre-se destaque. Trata-se de boa fonte de pesquisa.
O documento não é nada complacente para com os indicadores sociais do Estado. Não camufla nada. Assume que as estatísticas são quase todas desfavoráveis.
Saneamento
A Paraíba tinha apenas 45,56% de seus domicílios atendidos com saneamento em 2010. Acima da média do Nordeste, com 40,02%, mas muito abaixo da média nacional, com 61% dos domicílios saneados.
Analfabetismo
O analfabetismo entre pessoas com 10 anos de idade ou mais é outra chaga exposta do atraso da Paraíba. O índice, em 2010, era de 20,20%. Atingia um quinto da população. Era pior: 26% em 2000.
Positivo
O índice de mortalidade na Paraíba é o destaque positivo do diagnóstico. Caiu pela metade em 10 anos. Estava em 14,44% em 2010. Abaixo da média do Nordeste (15,57%) e um pouco acima da média do Brasil (13,86%).


Josival Pereira

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